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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Falácias

    Falam por falar, falam por ironia. Será mesmo esse dom símbolo de maestria? Sarcasmo disfarçado de verdade, verdade disfarçada de mentira, tristeza disfarçada de alegria.
    Casos ao acaso, passos em descompasso, textos em alegoria, lua em pleno meio dia.
    Diga quanto tens, e direis o que queres. 
   Eu falo, tu falas, eles falam. Nós desfalamos, vós desfalais, eles desfalam. Falam cada vez mais sobre cada vez menos, até falarem tudo sobre nada. 
    O dito pelo não dito. Ouvimos.
    Segue a vida, segue a coreografia, sem qualquer sincronia. Falta ritmo, falta franqueza, e cadê a lógica? Talvez em alguma esquina de Brasília. 
    Estou rodeado de conhecidos estranhos. Estamos. E perguntam se está tudo bem, tomam para si o que era para ser de ninguém. Desdém. Compram tudo, mas se vendem depois. Qual seu lance? Dou-lhe uma, dou-lhe duas... Vendido! Para a dama ali, de cílios postiços e cabelos tingidos. Ok!
   A verdade saiu de moda, é cruel, banal. Sinceridade irrita, humilha, faz mal. Bom mesmo é falsidade, que instiga, atrai, erro intencional. Mar de água doce, dublê em cena ação, coração de cartolina, perfume de flor artificial.
    Bom dia mãe, bom dia pai, já está cedo. Escovem seus dentes e vão para cama. O sol já está nascendo, e cheio de escuridão. Lá fora, marinheiro com sede, prostituta carente, parques sem diversão.
   Pois bem, pois mal, tantos procurando respostas, e eu aqui falando bobagens, verdadeiras, mas bobagens. O dito pelo não dito, falácias. “Falo, falo, e não digo o essencial”, já escrevia Nelson Rodrigues. O essencial é que tudo é enganação, e palavras, bom, na maioria esmagadora das vezes,  palavras só entorpecem. Blefes. Plágios. Caos.
   Ninguém entende, como sempre. Sou apenas mais um que fala demais...

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